Os "trincas" em versão "extreme" nas serras do Gerês e do Xurés

Para alguns foi o regresso, para outros, a estreia por terras do Gerês e do Xurés em cima de uma mountain bike. Ao todo foram 10 os “trincas” que alinharam na manhã de Sábado (19) à entrada do Parque da Campismo da Cerdeira para o início de uma aventura de 60 quilómetros que se iria estender a território espanhol.

O “pelotão” arrancou já passava das 9, debaixo de um céu bastante nublado, que acompanhou os “trincas” durante quase toda à volta, começando apenas a vislumbrar-se o azul do céu e os primeiros raios de sol ao meio da tarde, já no percurso de regresso. Para trás, tinha ficado bastante frio sentido na “alta montanha”, embora a ausência de temperaturas elevadas tenha facilitado o trabalho dos “trepadores”.

As primeiras pedaladas ao longo da Mata de Albergaria foram descontraídas, com a “malta da Galega” (leia-se Pirex, João, Nuno, Bruno e Zé) a tentar recuperar de uma noite bem “regada”. Os estreantes ficaram rendidos à imponência da paisagem proporcionada pela albufeira da Barragem de Vilarinho da Furna aconchegada pelas montanhas rochosas, enquanto que os repetentes viam, desta vez, um cenário em “tons de cinzento” com um manto de neblina altamente misterioso.

O Brites (que domina como ninguém a arte de fazer tudo em cima de uma bicicleta) não perdeu muito tempo em tirar as primeiras fotografias, ao mesmo tempo que o João T. ia observando com muita atenção o ambiente envolvente e escutando o “barulho” do rio Homem a descer.

Em ritmo tranquilo os “trincas” chegaram à Portela do Homem, onde estiveram durante alguns minutos, antes de cruzar a fronteira para o lado espanhol. Já em terras de “nuestros hermanos” tiraram-se as fotos da praxe, com o Bruno bastante empenhado em obter um comprovativo da sua presença na Galiza para enviar à sua mulher.

Após alguns metros de descida, os “trincas”, na companhia de outro grupo, atacaram a primeira grande subida, tendo pela frente sensivelmente 15 quilómetros até chegarem aos 1100 metros de altitude.

Ao todo deveriam ser aproximadamente 16 bttistas a atacarem a subida, mas rapidamente a malta da Galega, com excepção do Bruno, seguiu na dianteira para nunca mais ser avistada. Entretanto, em estilo mais de passeio os restantes bttistas ia calmamente vencendo o obstáculo até ao momento em que o Brites faz a primeira paragem forçada com um furo (na verdade é algo mais complexo do que um simples furo, mas certamente que o Brites poderá dar esses esclarecimento técnicos).

Com este percalço, o Brites, o Hugo, o Tiago, o João T., o Bruno e aqui este autor interrompiam a marcha, dizendo assim adeus os outros “companheiros” que, no início da subida, se tinham juntado aos “trincas”. Perante esta avaria mecânica, ainda se tentou fazer um contacto com a malta da Galega, mas sem qualquer sucesso. Por esta altura, já levava um grande avanço.

Cá atrás, o Brites resolvia o problema com uma bombada de ar no pneu, na esperança de que o mesmo aguentasse. Ora, alguns quilómetros mais à frente não teve outro remédio se não trocar a câmara de ar.

Já nos 1100 metros de cota avistava-se o mítico “singletrack” Mina das Sombras, o desafio supremo para qualquer amante do BTT. Mas não era apenas isso que se via, porque ao longe constatava-se que a malta da Galega descia entusiasticamente a tão célebre “ruta”.

Não demorou muito tempo para que o segundo grupo dos “trinca” se fizesse ao tão aguardado desafio. Uma descida apetecível para uns, temida para outros e respeitada por todos.

Como mais ou menos dificuldade, mais ou menos queda, tendo o Hugo feito a estreia nesta categoria logo nos metros iniciais, todos desceram os cerca de 3,5 quilómetros sem incidentes de maior.

Finalmente, os “trinca” reagruparam-se, com o Pirex a revelar que o longo tempo de espera lhe tinha quebrado o ritmo. Efectivamente, a partir daqui o Pirex já não voltou a ser o mesmo, embora estivesse reservado para ele o melhor momento do dia… Pelo menos o mais cómico.

Iniciada a rápida e longa descida para Lobios, que o Brites atacou a grande velocidade, o Hugo e o Pirex foram os grandes protagonistas. Num espaço de poucos metros, ambos envolveram-se em quedas quase simultâneas, e conta quem viu, que a do Hugo foi aparatosa, tendo a do Pirex sido cómica. Sobre este episódio, o autor destas linhas poupa nas palavras, porque é caso para dizer que as imagens falam por si (ver fotos).

Em Lobios, a risada era geral perante as fotografias que o Brites tinha tirado, ao mesmo tempo que o Zé e o João tentavam arranjar o manípulo das mudanças do Hugo. Já minutos antes, o João tinha afinado cirurgicamente as mudanças deste autor.

Depois de uma breve visita às termas daquela localidade, não sem antes ter havido um pequeno “debate” entre o Pirex, o João T e o Brites sobre o percurso de regresso, os 10 “trincas” iniciaram no asfalto aquilo que se viria a revelar um verdadeiro calvário de sensivelmente 8 quilómetros. Com a subida dividida em duas etapas, fazendo-se um reagrupamento no meio, no total os “trincas” subiram dos 400 para os 1000 metros de cota.

Lá no topo, com uma temperatura bastante baixa, o alívio era geral, mas também a satisfação de conquista de um dos obstáculos mais difíceis que os “trincas” enfrentaram até hoje. De tal modo, que rapidamente o grupo, em voz unânime, optou pelo caminho mais directo de regresso à Portela do Homem.

A partir deste ponto foi sempre a descer durante alguns quilómetros, ao mesmo tempo que o céu começava a ficar azul e, pela primeira vez, os raios de sol se mostravam. Já passavam das 16h30 quando os “trincas” cruzaram a fronteira, agora separados em três grupos, com cada um a seguir no seu ritmo, já em jeito de descompressão com a chegada no horizonte.

Com as águas da albufeira da Barragem de Vilarinho da Furna a reflectirem o sol de tarde, o cenário não podia ser mais deslumbrante para os 10 “trincas” terminarem mais uma aventura emocionante e uma experiência bttística inesquecível.