26 novembro 2007

A falta que uma torta faz.

Eram de facto 9h da manhã mas não estavam 7 graus, estavam isso sim para aí uns 3 ou 4, pelo menos de acordo com o meu termómetro pessoal.
A azáfama é que é de facto grande naquele spot. A quantidade de BTTs que se vêm é espantosa. Deixa-nos antever que na Serra teremos de ter bastante cuidado em cruzamentos e descidas.
Logo ali ao lado sentiam-se as tortas a chamar. Eu bem tentei, mas ninguém quis e todos quiseram começar a pedalar que nem doidos por ali acima. O Brites não conseguia esconder a vontade de nos pôr dali para fora. Foi um erro crasso.
Ainda sinto a falta daquelas tortas, pois a sua ausência foi a razão do meu fraco desempenho. Qual clavícula, qual quê. Foi a falta das tortas.
Eu agora, ou meto no bucho uma trouxa da Malveira ou no caso presente uma torta de Azeitão, ou então não produzo.
Mas não quis deixar mal o Brites. O homem até dava saltinhos de impaciência cada vez que passava por nós um grupinho de btts. Foi por isso que se virou ao cão. Reteve aquela raiva e angústia e o bicho, coitado é que pagou.

Enfim a primeira parte do trajecto, talvez porque era conhecida, talvez porque a ausências das tortas ainda não se fazia sentir, foi feita em grande estilo. Subimos, descemos, tornamos a subir e tornamos descer, e fizeram-se assim 8 Km de grande BTT, em trilhos ora secos, ora enlameados num ritmo bem bom.

Mais á frente chegamos á fatídica subida para a capela. Fónix, que subida. Mas fez-se, relativamente bem, embora tivesse chegado lá acima em ultimo. As tortas, lembram-se.

A vista na igreja era fantástica. O dia estava extraordinário, via-se até onde a vista alcançava e por momentos todo o pessoal pensou que o dia não era para btt. Eu pensei …

Saímos dali o Brites leva-nos para um trilho ???, lindo. Num dos troços tinha regos de água em que cabia lá o TrincaBoss inteiro. Eu aproveitei para mostrar como se cai em estilo, sem partir a clavícula, aproveitando as vilosidades do terreno (a foto está lá atrás) e as áreas mais fofas das margas.

Depois a coisa começou a ficar negra. 1º o Brites zangou-se com o cão (já que não podia zangar-se comigo) e olhem que eu vi o cão a fugir, depois o chefe perdeu-se. Ehehehe levou-nos para um campo lavrado, eheheheh, e tinha gps, eheheheh.

Mas não sei porque me estou a rir. A volta continuou por um caminho manhoso, pelo meio do quintal de alguém que tem patos de guarda e de repente hei-la que surge – a parede (ler prolongando a segunda sílaba – a pareeeeeede). De repente fez-se luz, afinal não era btt que estávamos ali a fazer, era escalada. E para ser mais giro levamos uma bicicleta. Só para tornar a coisa mais difícil. E mais difícil ainda – sem tortas no bucho.
Chegar lá acima foi bonito. A coisa foi te tal maneira bonita que o Brites me perguntou a idade.
Fiquei desfeito.
Podia ter dito. Ah e tal a clavícula deitou-te abaixo, mas não. Ainda pensei mentir, mas aqueles olhos da malta postos em mim, a arfar que nem doido depois daquela escalada sem corda e sem segurança, não deixavam espaço para tal.
Oh inclemência, Oh desgraça minha, Oh extrema vergonha e humilhação. Passei de repente a cota do grupo. Mas eu não me sinto cota. Ainda agora digo a mim próprio que foram as tortas – a falta delas, estão a ver.
É isso mesmo, qual idade qual quê, devia ter comido as tortas. Foi falta de tortas. Repito em maiúsculas – FOI FALTA DE TORTAS.
A partir daqui o resto da volta foi um martírio, para o resto da malta que passava o tempo á minha espera. Do cota, estão a ver a cena! Vou ter um trabalhão a apagar esta imagem.
Esta parte já não me lembro muito bem, parece que metia uns moinhos e “uma montanha russa ao longo de uma crista com vistas sobre um vale fértil a poente e a península de Setúbal a nascente, 7 km de puro prazer até às desejadas Tortas de Azeitão”. Temos poeta. Palerma.
A única coisa acertada é acerca das desejadas Tortas de Azeitão e quão desejadas elas foram.
Quando me vi com uma a descer pela goela abaixo passou-me tudo. Devia ter sido antes.

Resumindo. Quando é que lá voltamos.

Por entre montes e tortas...

Os ponteiros do relógio aproximavam-se lentamente das nove horas da manhã, havia uma certa azáfama no parque de estacionamento, o frio (7ºC) não me deixava mostrar o entusiasmo de ali estar, depois de duas semanas de paragem estava de regresso aos trilhos, eu e o Trinca Doctor que ainda recupera de uma valente queda. Chegavam ciclistas a todo o instante, a concentração era num sitio apelativo, mesmo em frente à Casa das Tortas de Azeitão, houve quem sugerisse tomarmos um pequeno-almoço suplementar antes da partida mas, estranhamente, a ideia não foi acolhida pela malta.

Estavam quase todos a postos menos eu e o Paulo, a vontade não parecia ser muita e a cara do Brites não entusiasmava. Estava espelhado no seu rosto, que valente tareia nos ia dar. Incitados pelo Pirex, Boss, Nuno e João montamos as bikes e lá iniciamos o passeio.

O Brites começou logo por testar a malta e, nem de propósito, subida para aquecimento até ao primeiro miradouro donde avistamos grande parte do trajecto a percorrer. O dia estava lindo e com muito boa visibilidade o que nos permitiu desfrutar de vistas maravilhosas.

Os primeiros km foram feitos a um ritmo elevado, algumas subidas, estradões para rolar e, como a malta se estava a sentir bem, toca a esticar que ainda há muito para ver. A paisagem é realmente magnífica e conquistou todo o grupo. Depois de espreitarmos algumas quintas e percorremos um trilho lindo junto a uma ribeira, subimos quase a pique até uma igreja. A cara de felicidade do Brites era indisfarçável, a malta desmontou a meio e ele lá em cima a gozar à grande. O GPS do Boss levou-nos por umas descidas e mais uns trilho quase planos até chegamos à tal igreja onde nos deslumbrámos com a paisagem, rapidamente esquecemos o esforço dispendido minutos atrás.

Finalmente as descidas apareceram a miúdo, seguia acelerado lado a lado com o Brites quando, receoso, exclamei “olha o cão!”. Foi irreal. O cão começou a correr na nossa direcção resmungando “au, au” e, o Brites, montado na bike, cara a cara com o animal, respondeu num tom que até a mim me assustou “AUUU, AUUU”, o cão não desarmou logo e o frente a frente continuou por mais uma dúzia de metros até que o Brites soltou um último “AAAUUUU” empurrando o animal para dentro de casa. Que episódio! Tudo a rir e o pobre animal encolhido perguntava ao seu dono “que raça é aquela? ‘”

O Paulo, que recupera de uma lesão na clavícula, já não tinha forças para pedalar (mas pedalar não é com as pernas?!! :-D), O João em grande ritmo acompanhava o grupo e o resto da malta lá ia seguindo no encalço do Brites monte acima.

Compra um tipo uma bike com uma suspensão XPTO, travões potentes e depois quando devíamos fazer os trilhos a descer, não senhor, obrigam-nos a subir!!! Para a próxima invertemos o gráfico.

Para o final ficou o trilho dos moinhos, uma montanha russa ao longo de uma crista com vistas sobre um vale fértil a poente e a península de Setúbal a nascente, 7 km de puro prazer até às desejadas Tortas de Azeitão.

Arrábida, um lugar a explorar mais vezes!

Até lá, boa trincadelas…

25 novembro 2007

Arrábida, 25Nov fotos

Boas, aqui ficam as fotos. Agora falta o Férias relatar.










Temos que lá voltar. Ainda ficou muito para andar.
Pirex

Arrábida, 25 Nov. 2007

Enquanto esperamos pelas fotos do Pirex, aqui fica alguma informação sobre o percurso de hoje na Arrábida.


  • Distancia: 27,7 Km
  • Tempo do percurso: 3h26m (incluindo as paragens)
  • Velocidade média: 8Km/h
  • Ascenção acumulada: 782m
  • Distribuição: 35% a subir; 39% a descer; 26% plano.
Eu só não percebo uma coisa. A distancia não é muita, a velocidade também não, então ......... porque raio aquilo deu tanto trabalho? Terão sido as subidas ? Luis, que tens a dizer em tua defesa?

23 novembro 2007

Volta na Arrábida dia 25 Nov.


A coisa já está organizada, o guia é o Luís Brites.

  • Ponto de encontro para quem vai pela 25 Abril : Estação de serviço da Galp (a 1ª que tem MacDonald) às 8h15m

  • Os restantes podem ir ter directamente a Vila Nogueira de Azeitão (naquele estacionamento frente às tortas.)

  • Partida às 9h de Vila Nogueira de Azeitão.

  • Chegada às 12h para comprar tortas e voltar para casa.

Alinhem que o tempo vai estar bom, o Luís conhece aquilo muito bem e as tortas também não são de desperdiçar.


João T

18 novembro 2007

Homenagem aos Trinca-pedras

Como alguns tiveram o prazer de conhecer, umas das melhores voltas que já demos foi às Minas de São Domingos. Um percurso pela antiga linha de caminho de ferro que ligava as minas ao Pomarão com organização do Trinca-reporter (Rui Simão). Aquela paisagem marciana de cores fortes e muitas vezes irreais, impressionou-nos a todos.

Em homenagem a essa volta e desejando que ela se repita, aqui fica uma das minhas aventuras no mundo dos pincéis (mais informação em http://www.jaagorapinto.blogspot.com/ ).





Outro assunto. Inscrevam-se no grupo dos Trinca-pedras:
Site – http://groups.google.com/group/trinca-pedras
mail: trinca-pedras@googlegroups.com

João

03 novembro 2007

O dia da bravura

Lagos é terra de descobridores e aventureiros, homens valentes de sangue frio que, não se contentando com o seu canto, partiram em busca de novos mundos. Muitos sonharam com esses mundos em tempos de outrora, sem satélites, gps, sistemas de comunicação ou qualquer outro tipo de aparelhagem. Nos nossos dias esses instrumentos são essenciais em qualquer aventura mas, naqueles tempos, um homem seguia-se pelos conhecimentos da física, astronomia e nas experiências partilhadas. Eram tempos em que só os bravos logravam vencer.
Embebido do espírito local programei a saída para o dia seguinte, a Barragem da Bravura, local de paragem obrigatória nos piqueniques do 1º de Maio e da voltinha de dia de Ano Novo das gentes locais. Pedi algumas referências ao Manel da Bicicletas, figura carismática do ciclismo Lacobrigense, e fiz o download do mapa via Google Earth para auxiliar à descrição vaga do percurso a fazer. Como trincador que sou, queria fazer o máximo de km por terras mas, o Manel das Bicicletas e os outros frequentadores da sua loja fazem estrada, sabia de antemão que teria de atalhar muito caminho.

A partida foi às 9h30 da manhã, o sol já ia alto e convidava à manga curta, equipado a rigor, camelback cheio e olhos postos no destino lá fui eu. Segui pelos caminhos que já conhecia até encontrar os primeiros trilhos na direcção desejada, ao fim de 3 km já andava ao ziguezagues, para cima e para baixo em busca de uma saída que teimava em não aparecer, estradões que invariavelmente esbarravam numa quinta com um animal de quatro patas a avisar que estava na direcção errada.Neste tipo de descoberta não podemos seleccionar muito os caminhos a percorrer, por isso, temos que trincar tudo o que nos aparece à frente, calçada, estradão, alcatrão, propriedade privada sempre na direcção desejada.
Após muitos atalhos subidas e descidas e já com 12km feitos cheguei ao Colégio, estava um pouco desanimado, aparentemente teria de seguir por alcatrão o resto do trajecto até à barragem e pior que isso, uma longa subida com cerca de 3km esperava por mim. Ao chegar ao fim daquela valente subida ainda me sentia fresco e com forças para continuar, diante dos meus olhos um sem número de trilhos abriram-me o apetite por comer pó, só tinha de escolher um.
Mais uns km e de novo o alcatrão, mais uma subida daqueles, na minha mente Diogo Cão e Bartolomeu Dias sussurravam: “isso não é nada, fizemos coisas muito mais difíceis” – era um facto e não o podia ignorar, pedalei com vivacidade, trinquei aquele alcatrão com fulgor, não iria fraquejar, mais do que isso, iria subir com a garra dos nossos antepassados, estava tão perto do meu destino nada nem ninguém me demoveria de tal!
A Estalagem da Bravura assinalava o prémio de montanha de terceira categoria, andei mais 2.5km e da barragem nada!! Voltei para trás para pedir informações, o dono da estalagem informou-me devidamente “a barragem é a precisamente 2.8km daqui”, não queira acreditar, onde está o gps? Onde estão os mapas detalhados? Como é possivel não ter visto a barragem estava a 300m e voltei para trás! Sai de manhã para ver a barragem por isso, nada a fazer toca a voltar para trás. Percorridos os 2.8km conforme indicado e depois de fazer uma curva à direita deparei-me com aquele bonito cenário. Como diz o meu sogro, tudo o que tem água é bonito, e para que não haja dúvida tirei uma foto.














Dei volta ao cavalo e segui as indicações do estalajadeiro, depois de descer vertiginosamente pelo alcatrão segui um trilho paralelo ao um regadio que me iria levar até à ribeira de Odiáxere. Passei por montes rurais que nos mostram um Algarve quase desconhecido, longe das praias e do turismo de massas. Sítios que mostram que nem sempre a vida sorriu aos seus habitantes, que nos tempos mais difíceis tiveram de abandonar as suas terras em busca de outras actividades mais lucrativas, mas há também aqueles que sobreviveram a esses tempos e que mimam os seu campos, como que a agradecer o que deles já colheram.













De volta a Lagos serpenteei pelas suas ruas estreitas perante o olhar indiscreto dos transeuntes que teimavam em reparar no meu sorriso, era o sorriso de um bravo!

A trincadela teve um total de 48km feito em 2h53m. Cerca de 15km foram em alcatrão, foi inevitável, isto de invadir propriedade alheia, correr cães ao pontapé e fazer subidas que não levam a lado nenhum é engraçado mas também farta.

Boa trincadelas....

02 novembro 2007

Andava-lhe com uma sede...


Muitos de voçês já devem ter sentido o mesmo do que eu. Vem um fim de semana prolongado, pensamos em ir para fora e dá-nos um nó apertado termos de deixar a bike em casa com tanto trilho que por ai há. Pois desta vez foi diferente. É certo que tive 45 minutos inglórios a tentar pôr a bike dentro do carro e deixar espaço para as malas, o carrinho de passeio e os brinquedos da Inês, as pinturas da mamã isto e aquilo que, passado o fim de semana, reparamos que não fizeram falta nenhuma. Mas desta vez tudo foi diferente : "ai não cabe-disse a mamã em tom de ameaça- vamos lá abaixo e nem que desmontes a bike toda, ela tem de ir". Acho que ela está a levar isto muito a sério pois agora obriga-me a andar, há-de chegar o dia que virá atrás de mim com vassoura em riste "Vai já andar de bicicleta que ela parada é como o Ronaldo...não rende". Aproveitei a maré e à segunda carreguei o carro.
Chegámos a Lagos para almoçar, na minha cabeça já só tinha aquele trilho que tantas vezes me desafiou. Se alguém conhece a Praia da Luz em Lagos já deve ter reparado no Taleve, é o ponto mais alto da região, está devidamente assinalado com um imponente marco geodésico e dele partem três trilhos, o do mar, o do marco(quase impossivél de entrar) e o da direita (esquerda de quem olho de baixo). Avistei este spot há seis anos, nessa altura ainda não fazia BTT mas pensei logo "isto de bike deve ser um mimo!"

De barriga aconchegada pelo peixe da região e os mimos da avó Maria lá fui eu. percorri 8km pela arriba até lá chegar, paisagem deslumbrante numa linda tarde de Outono, adrenalina a correr a 1000km/h estava prestes a descer, estava ansioso, estasiado e até um pouco emocionado.
Tinha chegado a altura! Baixei o banco para um posição de downhill, verifiquei as regulações da suspenção e amortecedor, olhei ao céu como que a pedir a graça divina, respirei fundo e lá fui eu por entre a vegetação. o trilho era como previa, na primeira parte rápido, sinuoso e divertido, a segunda parte aberto, muito técnico devido aos fundos sulcos cavados pelas chuvas e muito mais rápido, pelo caminho uivava de alegria, lindo lindo que emoção!
A volta foi de 30km sempre junto ao mar com partes muito técnicas entre a Prainha e o Porto Dona Maria ( Praia da Luz), formações rochosas junto à orla maritíma que foram moldadas pelos ventos de sueste e pelas ondulações fortes que os acompanham criaram um relevo ondulado e ao mesmo tempo sinuoso. Daí para a frente foi um passeio até ao Burgau, sempre com o sol acalar as faces rosadas de alegria. O regresso até Lagos foi em alcatrão pois a noite caía apressadamente e a travessa de berbigão já estava à minha espera.
Amanhã há mais.
Boas trincadelas.