17 novembro 2008

Que nem galegos...

A cinco minutos da hora marcada contornei a rotunda em direcção à Povoa da Galega, o casario pouco cuidado recebe-nos nesta terra onde os cheiros são mais intensos, o do azeite não passa despercebido, nem àqueles que nesta altura do ano lutam por inalar correctamente. Estamos a escassos 10 minutos de Lisboa mas a vida aqui flui com outra intensidade, a ruralidade mistura-se harmoniosamente com as novas tecnologias fazendo desta terra um dos locais mais apraziveis que conheço enquanto praticante de BTT.

Eu, o Vermelho, o Boss, o Tuga e o Gadget aguardávamos pelo Fast que se havia perdido algures na Malveira, o frio agarrava aos ossos e estávamos um pouco impacientes por começar a pedalar, finalmente o Alex deu com a terra, preparamos a montada e lá partimos às ordens do Gadget. Com super energia graças ao seu super pequeno-almoço reforçado o guia levou-nos imediatamente por alcatrão e trilhos ascendentes a um ritmo alucinante, nem a desculpa do Boss, para afinar o cabo do amortecedor, foi levada em consideração para abrandar o ritmo. Em menos de nada tínhamos galgado até ao moinho, cinco kilometros sem dirigirmos uma palavra uns aos outros, fizemos o pequeno trilho em escada num ápice e lá seguimos .

A malta estava com a pedalada forte, de tal maneira que nem nos apercebemos que a intenção era seguir em direcção a Bucelas, mesmo ali ao lado! O troço inicial da volta não foi novidade, já tínhamos feito parte deste percurso, desta feita a surpresa estava guardada para a entrada da freguesia da Sapataria, o tempo descoberto revelou-nos a Senhora do Socorro e mesmo ao lado o forte azul do mar.

Já com vinte km nas pernas fizemos uma subida sem fim, foi subir e subir e subir. Decidi seguir o Nuno e o Alex, mas para quê? O facto é que ao ritmo que estamos a andar parece tudo plano, quer dizer...a fase final da subida impunha respeito só mesmo a perspectiva de uma boa descida nos deram forças para trepar aquela parede. Aproveitei para tirar uns bonecos ao pessoal para mais tarde recordar. Ingerimos umas barras, agua e toca a andar que quatro minutos de paragem é muito tempo.

A seguir a uma subida o que é que vem? Enganem-se... a descida foi curtíssima e toma lá mais uma subida, estava a ficar cansado, com tanta subida ainda mal tinha tirado o pó da suspensão, ao fim de umas centenas de metros decidi descansar, encontrei uma caminha de eucaliptos recentemente cortados e, com toda a delicadeza do mundo, aninhei-me confortavelmente usando a bike como cobertor.
Qual despertador o roncar das feras de quatro rodas aproximou-se ferozmente, toca a levantar e pedalar. Sem darmos conta estávamos no meio de um passeio de MOTO 4, demos meia volta e regressamos ao inicio da parede. Nunca tinha feito uma rotunda destas!
Finalmente uma descida digna desse nome, aproveitamos para acelerar pois já se fazia tarde e ainda havia muito para subir, e era para encurtar caminho, que animação, mais uma trepadeira daquelas de tirar o fôlego, ainda estávamos a começar a subir e o Vermelho lá fez o primeiro comentário sexual do dia “ tou todo f#di$@” e não era para menos! O Nuno estava a dar cabo de nós, mas como nos falou em singletrack a malta lá ia aguentando.

Descemos em direcção à Bemposta e reagrupamos antes de entrar no singletrack. O trilho é daqueles em que só queremos andar rápido, de vez em quando pensamos como seria doloroso uma queda àquela velocidade mas, mais uma aceleração, uma curva, e tudo se desvanece na adorável sensação de controlar uma bike àquela velocidade por um trilho tão estreito.

O que é bom acaba depressa, diz o ditado, toca a regressar por uma parede daquelas que até dá sono, lá arranjei espaço para me deitar a meio da subida à espera do pessoal. Regressamos ao alcatrão pelo o trilho que tanto gozo nos tinha dado a descer.
Rolamos os últimos 5km por alcatrão a grande velocidade para desentorpecer as pernas, como não tivemos de parar para o Paulo descansar ou para o Brites adorar o carbono, acabamos a volta em 3 horitas o que deu uma média de 15km, nada mau! Com este ritmo adivinha-se uma Primavera verdadeiramente épica.
Até lá, boas trincadelas!!!

4 comentários:

Pirex disse...

Grande Hugo. Tu também estas no teu melhor. F#d%&$e, que grande post. Sim senhor. Assim fico todo lixado de inveja.
Que cena meu.... Nunca mais fico bom... :)

Abraço a todos

Pirex

Unknown disse...

Hugo, temos de mudar o tua alcunha. Férias não está com nada. Uma coisa do género: Trinca Saramago; Trinca Nobel ....

Qualquer coisa literário / betetista. Este post está 6 estrelas.

Obrigado Hugo

Pirex disse...

Concordo contigo JT, férias não está mesmo com nada.

abraço

Pirex

Unknown disse...

Bem ... miúdo,
Estás cada vez mais "aprimorado". As tuas crónicas dão imenso gozo a ler, a descrição é "cinco estrelas" e os "apartes" certeiros!
Começo a achar que devias começar a escrever de forma mais profissional ... que se está a perder um verdadeiro escritor!
Abraço,
Tiago