12 dezembro 2015

Marvão 2015 - O regresso :D

Foram 2 anos a ressacar voltinhas destas… estava na altura, o corpo pedia e a cabeça implorava…
De manhã cedo fizemo-nos à estrada em direcção a St.º António das Areias, Marvão, esperavam-nos 2 dias de BTT com dormida em terras de nuestros hermanos.
Eram 11h15 quando começámos a pedalar, o sol estava tímido mas aos poucos foi se fazendo aparecer. Esta volta é daquelas em que nos questionamos logo ao início… “então mas descemos de carro para agora subir a dar ao pedal???”… Pois é, ao fim de 1 ou 2 Km começámos logo a subir caminho a Marvão e, para começar em grande, assim que entrámos na calçada medieval deparámo-nos logo com um cãozarrão a bloquear-nos o caminho e a querer fazer o gosto ao dente… Ainda nem 3 Km tínhamos e já estávamos fora da bicicleta a usá-la como escudo… ui isto promete!!! Até que vem o senhor pastor dono do cão e lá nos deixa passar, com a conversa de sempre “ele não faz mal”… “pois mas tem uma boca grande!!”.




Subimos então até Marvão no topo da Serra do Sapoio, a 860m de altitude, com visita ao Castelo, foi a paragem turística da volta.








Descemos por outra calçada medieval acompanhados das cores do Outuno que contrastam com o verde dos campos, os castanheiros e carvalhos soltam as suas folhas fazendo como que uma alcatifa melodiosa e, embrulhados neste misto de cores e sons, surge-nos o rio Sever para compor a melodia. 





Parte do trilho foi feito ao lado deste rio que nasce na Serra de S. Mamede e nos guia à pitoresca povoação rural de Portagem.
Dada a hora, decidimos almoçar aqui pois seria a última povoação até chegarmos ao parque já em Espanha. Depois das fotos na ponte romana, o cheiro do restaurante Zé Calha não nos foi indiferente e acabámos por entrar.







Ao que o Nuno dizia, a parte complicada da volta já tinha sido, que era subir a Marvão. Assim sendo, estava à vontade para o almoço, comida regional e barrinhas liquidas de cereais, sobremesa, café e o amável senhor ainda nos ofereceu uma ginja como digestivo, numa sala com uma bruta salamandra ao centro, estão a imaginar o sacrifício que foi levantar o rabo da cadeira para o sentar no selim…
Mal sabia eu o que me esperava, assim que o Nuno olha para o GPS diz “olha afinal enganei-me… vamos subir a Serra Fria…” What?? Agora é que dizes??, ou seja, até Espanha foi sempre a subir… Que estupidez! Levamos o mínimo às costas para poupar no peso e agora comemos que nem lontras LOL não sei qual a mochila mais pesada… se a de trás ou se a da frente…





Já no cimo da cumeada da Serra Fria o sol começava a esconder-se, tínhamos meia hora de luz, foi altura de decidir e começar a descer ate ao alcatrão e passar a fronteira. Passada a fronteira foi pedala até ao Camping Águas Claras em La Borrega, a 3Km do trilho. Já sem sol e com o fresco típico da região, valeu-nos o banho quente, o repasto e o repouso para nos ajudar a recuperar energias. E as castanhas que apanhámos no caminho e “assámos” no micro-ondas :D
Fizémos 37Km com 1320m de acumulado.






No dia seguinte saímos cedo, começámos a pedalar às 7h30, ainda nem se via o sol. Fizemos os 3 Km até ao trilho e voltámos à volta.. Mesmo aqui ao lado e uma paisagem diferente da nossa, estradões de terra e empedrados que nos guiam por entre quintas. A partir daqui foi melhor que uma visita ao Badoca mas na Serra de SanPedro. As vacas, touros, ovelhas e cavalos acompanharam-nos grande parte do caminho. Esta parte confesso que me surpreendeu, o Nuno tinha dito que o lado espanhol não era tão interessante mas, talvez pelo track escolhido, surpreendeu-nos bastante. Seguimos parte da “Ruta Caminos del Água” que foi um mimo de singletracks técnicos.
A Serra de SanPedro representa o megalítico, possui um dos conjuntos megalíticos mais importantes da Europa, passámos por alguns.










Da “Ruta Caminos del Água” passámos para a “Ruta Tapada del Anta”, continuaram os estradões por quintas com refúgios no nada, pedalámos kms sem ver vivalma.
Começámos a subir em propriedades reserva de caça onde fomos presenteados pelo trote do gado ao nosso lado, aquelas toneladas a bater no chão…, se bem que se percebe que estão apenas a fugir, aquele barulho ensurdecedor que faz a terra tremer faz-nos pedalar com o desejo de sermos invisíveis, principalmente quando param e nos fixam o olhar… faz lembrar o outro, ele não fazem mal… “está bem mas têm cornos grandes!!”. Assustados passam por nós veados a alta velocidade, nem deu para fotografar, que loucura!!












Saindo da propriedade começámos a descer até ao rio Server, mais uma vez. Aqui eram os porcos pretos a banhar naquela água gelada. Estou a apreciar aquela paisagem magnífica quando percebo que o Nuno apenas parou porque o track continua do lado de lá do rio… Sério?? Mas não há volta nenhuma que isto não aconteça?? Lá teve que ser… molhar o pezinho…









Continuámos a subir mas agora com 2 cubos de gelo… Chegámos a Beirã, antiga estação ferroviária de Marvão, dói só de ver que está desactivada…


Estávamos a chegar, quando pensava que seria apenas rolar até st.º António das Areias entrámos num trilho bem catita para despedida, talvez partes de caminhos romanos, presente para acabar em beleza. 










Subimos até St.º António e terminámos a volta, hoje com 51Km e 1120m de acumulado.
Foi um total de 88Km com 2340m de acumulado, se chuva, sem avarias, sem furos e sem quedas, não podia ter corrido melhor.

Sublinho a responsabilidade do Nuno, só ele leva GPS, só ele se sabe o caminho e decide, eu apenas pedalo atrás dele e tiro fotos :D adoro!
Boas pedaladas... já a pensar na próxima!!