Com meia hora de atraso e depois de ter ido até Torres Vedras, o Boss lá chegou ao local combinado, a Praia da Foz do Lizandro. O dia estava, frio, chuvoso e nublado o suficiente para não se conseguir ver mais do que 200 metros à frente do nariz. Risonho e bem disposto disse “ontem ainda alterei novamente o percurso, tem mais uns km e menos alcatrão”. Menos alcatrão?! Chamar aquilo menos alcatrão? Saímos da Foz do Lizandro no sentido de Sintra, antes de passar a ponte uma viragem brusca à esquerda e subam lá esta para aquecer.
Era de facto um troço para a aventura, alguém se lembrou de iniciar uma obra de sustentação de terras, quais soldados da 2ª grande Guerra saímos da trincheira com a bike às costas.
Mais à frente rezei à Sra. Do Ó para que aquela aventura corresse bem, pressentia algo mas não sabia o quê. Quem é que se lembra de, em pleno mês de Janeiro depois de semanas de chuva desenhar um trajecto paralelo a um rio, num vale que inunda frequentemente (como aliás se pode ver nas marcas registadas na casa da santinha)? O Boss, claro!
Entre risos de ira lá íamos progredindo por estradões de lama que nos agarravam as pernas até aos joelhos. O único que estava mesmo a gostar deste miminho era o Zé, e assim ficou baptizado como Trinca Pocinhas.
O Boss, com as orelhas a ferver seguia centenas de metros à nossa frente, não me lembro de o ver a andar tão depressa. Atravessamos o Rio Lizandro um sem numero de vezes, a aguá gelada levava-nos a lama dos ossos e punha a descoberto a transmissão da bike. Demora-mos hora e meia para fazer 7km.
Seguimos alguma centenas de metros por alcatrão entre aldeias saloias até enveredarmos por terra batida em direcção a S. João das Lampas.
A nevrinha que caia não dava tréguas e tornava estes trilhos rochosos em algo muito técnico, a progressão era mais lenta do que o esperado. Do mar apenas o som do monstro revolto que batia ferozmente na falésia.
Percorremos zonas que me são muito familiares, São Julião era o meu pico de Verão, longas tardes foram passadas a surfar estas ondas e no final aproveitava as rampas naturais da arriba para dar uns saltos de BMX. Foi das partes mais divertidas da manhã, os Trincas galgavam livremente por estas pistas junto à falésia salpincado de negro o nevoeiro costeiro.
Descemos por single track até à praia onde reagrupamos e preparamos-nos para fazer os últimos 5km da manhã. Seguimos junto à costa até chegar à Foz, o Nuno sugeriu que passássemos o rio a vau o João quase que o levou a sério e jogou-se quase de cabeça, por sorte não deu um mergulho.
Até lá, boas trincadelas!