20 janeiro 2009

Entre a lama e o mar...

A aventura começou uns dias antes, o Boss decidiu passar umas noites a inventar um trajecto, daqueles que só ele se lembra e de que, com muito jeitinho, nos consegue convencer. Enviou um track GPS para entusiasmar a malta . Todos concordaram com a volta, houve até quem se lamentasse por não poder ir, depois lembrou-se a alterar o percurso “para ter menos alcatrão”, tudo bem! Teve o cuidado de avisar que ia estar um dia lindo, pouco nublado e sem vento.
Com meia hora de atraso e depois de ter ido até Torres Vedras, o Boss lá chegou ao local combinado, a Praia da Foz do Lizandro. O dia estava, frio, chuvoso e nublado o suficiente para não se conseguir ver mais do que 200 metros à frente do nariz. Risonho e bem disposto disse “ontem ainda alterei novamente o percurso, tem mais uns km e menos alcatrão”. Menos alcatrão?! Chamar aquilo menos alcatrão? Saímos da Foz do Lizandro no sentido de Sintra, antes de passar a ponte uma viragem brusca à esquerda e subam lá esta para aquecer.
Era de facto um troço para a aventura, alguém se lembrou de iniciar uma obra de sustentação de terras, quais soldados da 2ª grande Guerra saímos da trincheira com a bike às costas.




















Mais à frente rezei à Sra. Do Ó para que aquela aventura corresse bem, pressentia algo mas não sabia o quê. Quem é que se lembra de, em pleno mês de Janeiro depois de semanas de chuva desenhar um trajecto paralelo a um rio, num vale que inunda frequentemente (como aliás se pode ver nas marcas registadas na casa da santinha)? O Boss, claro!




Entre risos de ira lá íamos progredindo por estradões de lama que nos agarravam as pernas até aos joelhos. O único que estava mesmo a gostar deste miminho era o Zé, e assim ficou baptizado como Trinca Pocinhas.


O Boss, com as orelhas a ferver seguia centenas de metros à nossa frente, não me lembro de o ver a andar tão depressa. Atravessamos o Rio Lizandro um sem numero de vezes, a aguá gelada levava-nos a lama dos ossos e punha a descoberto a transmissão da bike. Demora-mos hora e meia para fazer 7km.

No final deste lamaçal, enveredamos por uma subida trialeira, e a malta estava feliz, quanto mais subíamos mais descansados ficávamos, aquele calvário ficava mais longe de nós. Reagrupamos para ingerir alguma comida e desabafar com o Boss!
Seguimos alguma centenas de metros por alcatrão entre aldeias saloias até enveredarmos por terra batida em direcção a S. João das Lampas.


Iríamos seguir por vales lindíssimos com trilhos variados e divertidos mas o tempo não estava a colaborar, o nevoeiro cerrado obrigava-nos a concentrar as atenções na condução e no GPS, ao fim de 20km lá entramos no trilho inicialmente previsto e, podia agora, testar as minha aptidões para o uso de tão viciante ferramenta.

A nevrinha que caia não dava tréguas e tornava estes trilhos rochosos em algo muito técnico, a progressão era mais lenta do que o esperado. Do mar apenas o som do monstro revolto que batia ferozmente na falésia.
Percorremos zonas que me são muito familiares, São Julião era o meu pico de Verão, longas tardes foram passadas a surfar estas ondas e no final aproveitava as rampas naturais da arriba para dar uns saltos de BMX. Foi das partes mais divertidas da manhã, os Trincas galgavam livremente por estas pistas junto à falésia salpincado de negro o nevoeiro costeiro.
Descemos por single track até à praia onde reagrupamos e preparamos-nos para fazer os últimos 5km da manhã. Seguimos junto à costa até chegar à Foz, o Nuno sugeriu que passássemos o rio a vau o João quase que o levou a sério e jogou-se quase de cabeça, por sorte não deu um mergulho.

Se tivesse mergulhado não tinha feito aquele trilho fantástico ao longo do rio em plena praia do Lizandro, uma óptima maneira de acabar esta volta que deve ser espectacular num dia soalheiro de Maio.

Até lá, boas trincadelas!

19 janeiro 2009

Lizandro - A Volta Errada no Dia Certo

Meus amigos, sinto-me realizado. É certo que levei uma tareia por chegar a casa mais sujo que os porcos da Quinta Pedagógica e duas horas depois do acordado, mas a volta foi ... fantástica.

Chego à Ericeira às 8h da manhã e no café do costume atrevo-me a entrar e a pedir um pequeno almoço que me dê para aguentar uma manhã de BTT. Sou o único cliente e sou também olhado de alto a baixo. Lá fora está um nevoeiro cerrado e começa a chover com mais intensidade.
Não o dizem, mas no fundo, chamam-me e acham-me maluco. Deixá-los.
Saio com o bandulho cheio, satisfeito por ter saído da cama quentinha e aconchegante, e decido telefonar ao "organizador" do passeio. Era para lhe dizer que o tempo estava óptimo (não fossem eles desistir e voltar para trás), e ouço em resposta que já vai em Torres Vedras.
Ainda bem que é o "organizador". Conhecendo-o como conheço, este desviozinho deve fazer parte de um designio qualquer.
Resultado, chego ao Lizandro, monto o estaminé que desta vez até cadeirinha incluía e sento-me descontraidamente a equipar-me e a ver chegar o resto do pessoal, bem dispostos e animados como é usual. É um grupo fantástico.
Passado uma hora (há aqui algum exagero, confesso) chega o "organizador". Foi a minha vez de exercer pressão, em represália por eventos passados.
Por esta altura já todos tinhamos previsto uma manhã, digamos assim, húmida. Ninguém esperava (sim porque não acredito que o "organizador" o esperasse) o que nos estava reservado nos 8 km entre o 2 e o 10º.
Saímos animados em ritmo saudável e descontraído para aquecer e fomos seguindo as indicações do GPS que apontavam para a Sra do Ó. Tivemos aí uns pequenos precalços, com umas obras de regularização da ribeira, que face ao que se seguiu são isso mesmo, pequenos.

Depois, bom, depois foi a adrenalina total. O melhor BTL (Bicicleta Toda a Lama) que já fiz. O Track apontava o caminho ao longo do Cheleiros e durante uns bons kms, não surgiram dificuldades de maior, a não ser a lama, muita lama, escorregadia, que obrigava a uma condução cuidada. Em determinadas ocasiões era a bicicleta que escolhia o melhor caminho, em outras era a perícia que resolvia.

A coisa começava a tomar ares de coisa tramada. O GPS marcava uma curva à esquerda e atravessamos o ribeiro numa ponte sólida e bem seca. Logo a seguir o GPS marcou uma curva à direita e atravessamos o ribeiro num vau com 40cm de altura de água, gelada e bem molhada. Malvado GPS, neste momento já todos desconfiávamos que era o GPS que mandava no “organizador” e não o contrário.
Estava possuído. A tecnologia tem destas coisas.
Alguns de nós aproveitaram para lavar as bicicletas que, coitadas, estavam enlameadas. Coitadinhas delas…

Mas o GPS tinha mais coisas preparadas. Apontou-nos um “caminho” e nós, obedientes e fiéis, seguimo-lo. Ao GPS não ao “organizador”. Pois eles agora eram um só, uma única entidade, cujo único objectivo era mostrar que havia ali um caminho.

E aí é que nós vimos o que é lama. LAMA.
Poças de LAMA, lagos de LAMA, lençóis de LAMA, LAMA de todas as cores, LAMA viscosa, LAMA aderente, LAMA fina, LAMA grossa, LAMA, LAMA, LAMA, LAMA… Foram cerca de 4 km a brincar na lama, em que, literalmente (não estou a brincar) tivemos de nos arrastar nos caminhos mais escorregadios onde já andei. Nem no sapal me enterrei tão fundo (pronto aqui estou a exagerar um bocadinho outra vez).

A minha única mensagem a quem não foi é que … não sabem o que perderam. Adorei, primeiro porque assim não ficava para trás por não ter forças. Ficava para trás porque estava preso na LAMA, eu e os outros, depois porque adoro chafurdar na lama (a sério, coisas de puto e de quando fazia atletismo/corta mato). É claro que as bicicletas não estavam a gostar do tratamento, mas tb que se lixe. Aguentem.
Também nós aguentamos, e bem.
Quando saímos dali e começamos a subir novamente, tivemos oportunidade de testar a tracção das bicicletas, mas o caminho foi depois um sossego, comparado com aqueles kms ao longo do rio.

Depois o “organizador” levou-nos a ver o mar Salgado (grande piada esta hein ;), e só vos posso dizer, que eu sei que ele está lá, mas o nevoeiro tornou-se tão intenso que nem o víamos. A úncia certeza que temos, é que estes trilhos feitos num dia claro e límpido até devem doer de tanta mar… Ficou-nos a consolação de chegarmos ao Lizandro através do trilho da falésia, um dos mais bonitos que conheço.
Felizmente o nevoeiro aí estava menos denso e deu para perceber onde estávamos, porque desde a Samarra até S. Julião não se via nada. A não ser o Hugo que é o único com faróis de nevoeiro atrás.
A bicicleta, essa, está a recuperar. O tratamento de lama fez-lhe bem à pintura ajuda a emagrecer (talvez perca uns kgs).
Grande volta ... grande dia.
Obrigado GPS ...

18 janeiro 2009

Lizandro - A volta certa no dia errado ...

Deixo as reportagens para os artistas mas aqui ficam alguns dados de uma volta “para homens”, como diz o Rui – segundo ele, foi por isso que o Brites não veio. Os dados não impressionam, mas a lama, o nevoeiro e a chuva miudinha constante fizeram desta volta um desafio a não esquecer.

Venham de lá essas fotos.



Grande abraço para os que faltaram.

11 janeiro 2009

Bom ano

Desejo a todos os trincas e suas familias um bom para 2009 e muitas pedaladas.

O meu desejo é que possa estar junto de vocês o mais rápido possivel, pois já tenho umas saudades da bike do caraças.

Antecipo fins de semana bem passados em animado convivio. :)

Deixo as fotos que o Trinca-Tuga tirou hoje na volta do frio na Galega.








Já agora, a quem não têm seguro para pedalar, sugiro que obtenham um pois dá uma grande ajuda numa lesão. Vejam o site da Fed. Port. de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta em : http://www.fpcub.pt/portal/

Boas pedaladas.

Pirex